Polimorfismo genético da glicose-6-fosfato desidrogenase na população da região de Araraquara, Estado de São Paulo
Abstract
A importância da enzima Glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) no metabolismo eritrocitário está na obtenção de energia calórica e redutora para a proteção celular contra agressões oxidativas. A deficiência de G6PD é a eritroenzimopatia que causa mais frequentemente anemia hemolítica, com mais de 130 variantes moleculares identificadas. O objetivo deste estudo foi realizar a análise molecular da deficiência de G6PD em uma população masculina adulta da região de Araraquara, SP, para a identificação das mutações genéticas. Nos 5087 doadores de sangue do sexo masculino pesquisados, foram encontrados 89 deficientes de G6PD, confirmados pela determinação da atividade enzimática e eletroforese em acetato de celulose, com frequência de 1,75%, valores semelhantes aos encontrados por outros pesquisadores no Estado de São Paulo. A análise molecular realizada pela amplificação do DNA genômico com iniciadores específicos e digestão com enzimas de restrição, demonstrou que 96,6% dos deficientes apresentaram a variante G6PD A¯, com as mutações 376(A→G) e 202(G→A) e atividade enzimática média de 1,31 UI.g de Hb-1.min-1 a 37ºC, correspondendo a 10,8% da atividade enzimática da enzima normal G6PD B. Não foram encontradas as formas variantes G6PD A¯ 680(G→T) e 968(T→C). Em 3,4% dos indivíduos deficientes, foi encontrada a variante G6PD Mediterrânea, mutação 563(C→T) e atividade enzimática média de 0,25 UI.g de Hb-1.min-1 a 37ºC, correspondendo a 2,1% da atividade enzimática da G6PD B. A utilização das técnicas tradicionais, aliadas à identificação da variante molecular, são importantes na compreensão das propriedades estruturais, funcionais e comportamento hemolítico dos glóbulos vermelhos do paciente.