Compostos coordenados híbridos de platina no tratamento do câncer
Abstract
O câncer, ou neoplasia, é uma doença caracterizada pela propagação descontrolada de formas anormais das próprias células corporais e corresponde à segunda doença que mais causa mortes no mundo. A história da platina no tratamento do câncer teve início com a descoberta da sua atividade, em 1965, com a aprovação para uso clínico acontecendo apenas após 10 anos. Atualmente, os fármacos com platina estão entre os mais bem sucedidos agentes anticancerígenos, onde se destacam cisplatina (1), carboplatina (2) e oxaliplatina (3). Seus mecanismos de ação são similares: estes fármacos formam adutos com o DNA, impedindo a sua síntese e reparo, levando à morte celular. Contudo, os efeitos adversos desencadeados pelo tratamento e o desenvolvimento de resistência ao medicamento têm limitado suas aplicações. Uma das principais estratégias para a diminuição de tais efeitos consiste em alterar a estrutura destas moléculas, levando à formação de compostos híbridos, que se caracterizam pela presença de pelo menos dois fragmentos funcionais distintos em uma mesma molécula e podem apresentar maior espectro de atividade antitumoral. Dentre as alterações mais comuns encontram-se a modificação da solubilidade, através da inserção de grupos abandonadores mais ou menos hidrofóbicos e a introdução de ligantes com atividade biológica própria. Dessa forma, esta revisão visa verificar os avanços mais recentes na síntese de compostos híbridos de platina, bem como as melhorias na atividade anticâncer dos novos compostos platinados.